No próximo dia 31 de outubro de 2021, se vivo fosse, o saudoso José Lopes de Albuquerque completaria seus 100 anos de vida. Infelizmente, quis Deus o chamar para sua corte celestial para, quem sabe, ouvi-lo falar das histórias e segredos de uma Ilha encantada localizada a 45 km da capital pernambucana. Celebrar os 100 anos de José Lopes é muito mais do que relembrar da existência de um homem. É revisitar e reconhecer o seu legado para reiterar o quanto sua existência contribuiu para dignificar ainda mais aquele sentimento de orgulho para como a Ilha de Itamaracá.
Para quem não o conheceu, o popular Zé Lopes nasceu em 31 de outubro de 1921. Filho de João Lopes e de Amélia Vieira da Cunha Albuquerque, foi casado com Terezinha Barros Lopes de Albuquerque e teve 11 filhos. Detentor de um prestígio sem igual, frequentavam sua casa políticos, militares, religiosos, acadêmicos e escritores, a exemplo de Gilberto Freyre, do Monsenhor Severino Nogueira e do professor Gilberto Osório de Andrade. Este último descreveu Zé Lopes como um homem gentil e de uma honestidade de um modelo raro. Foi auditor fiscal da Secretaria da Receita Federal, presidente da Colônia de Pescadores da Ilha de Itamaracá, vereador do município de Igarassu (1948 a 1951), quando a Ilha de Itamaracá era distrito daquele município, e prefeito da Ilha de Itamaracá (1973 a 1977). Na condição de prefeito valorizou a cultura local, sobretudo projetando a ciranda de Lia de Itamaracá e defendeu, como nenhum outro, a História da Ilha de Itamaracá. Em sua administração foi criada e hasteada a Bandeira do município e executado, pela primeira vez, o Hino da Ilha de Itamaracá, sob a regência do estimável Padre Mousinho na presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas de toda região.
Para além dos seus relevantes serviços prestados à população do município, o que o imortalizou na história da Ilha de Itamaracá, foi a sua publicação Histórias e Segredos de uma Ilha (1975). Em matéria publicada por Valdelusa D’arce no Diário de Pernambuco, em 19/06/1987, a jornalista afirmou que tal obra “é muito mais que um livro, é um verdadeiro ato de amor à sua terra nativa (...)”. De fato, a obra de Zé Lopes é um importante documento de relato histórico sobre a Ilha de Itamaracá, sendo reconhecida sua relevância entre os imortais da Academia Pernambucana de Letras.
Zé Lopes devotou a sua vida para a Ilha de Itamaracá e com isso fez história no município, por isso seu legado não pode e nem vai cair no esquecimento. Celebrar o seu centenário faz parte deste compromisso e deve ser tratado como uma retribuição de cada cidadão da Ilha de Itamaracá por tudo que este homem fez em prol desta cidade.
Edvaldo Júnior
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Ilha de Itamaracá
Publicado em: 28/10/2021 03:00 Atualizado em: 28/10/2021 05:12 - https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2021/10/centenario-de-ze-lopes-uma-celebracao-do-seu-legado-para-a-historia-d.html
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