Após o plantio das mudas na propriedade do Orange Praia Hotel a cerimônia foi aberta oficialmente com a formação da mesa, composta por Fernando Melo, Presidente dos Trabalhos, Tácito Galvão, representante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, Harlan Gadelha, Presidente do Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico de Goiana e representante do Instituto Histórico de Olinda, Pedro Férrer, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão, Nhelma Magda, Presidenta do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu, Jocimar Gonçalves, Presidente do Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco, Ailton Aguiar, vereador da Ilha de Itamaracá, Mauristela Souza, Conselheira da OAB/Paulista, Annelijn Willemina, representante do Consulado Honorário do Reino dos Países Baixos, Rachel Carrilho, representante da Academia de Letras e Artes do Nordeste, Gustavo Calheiros, Presidente da Associação dos Hoteleiros da Ilha de Itamaracá e representante da Amicro, e Lia de Itamaracá, representante da cultura da Ilha de Itamaracá.
Abrindo a solenidade, Fernando Melo explanou aos presentes os motivos que levaram a criação do Instituto Histórico, relatando como se deu todo processo de organização para fundação, que foi iniciado em reunião pública realizada na Câmara Municipal, no dia 10 de Julho de 2021, ou seja, no mesmo dia da celebração da Data Magna da Ilha de Itamaracá, quando é relembrado o fim da trajetória heroica do Padre Pedro de Souza Tenório. Fernando Melo, esclarecendo que o Estatuto Social foi aprovado e a Diretora Executiva eleita pelo conjunto dos sócios fundadores, convidou Edvaldo Júnior, presidente eleito do Instituto Histórico e Geográfico da Ilha de Itamaracá, para assumir a presidência da solenidade.
Integra do discurso de Edvaldo Júnior:
Poderia eu hoje falar de muitas coisas sobre a Ilha de Itamaracá... falar que somos um dos mais antigos núcleos de povoamento do país que remonta o período do pré-descobrimento. Falar que a primeira cachaça do Brasil pode ter sido destilada aqui na Ilha de Itamaracá... falar que a lenda da manga jasmim da nossa cidade inspirou a 1ª ópera brasileira, a Marília de Itamaracá.... falar do momento em que quase fomos a capital do Brasil Holandês e que só não o fomos por causas das abençoadas formigas.... falar que deste território, por vezes, surgiram vozes, como a do nosso conterrâneo - o conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira - , redator da lei áurea, que, assinada pela Princesa Isabel, aboliu formalmente a escravidão no país; ou de Padre Pedro de Souza Tenório, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Velha e um dos líderes da revolução Pernambucana de 1817, que, sem disparar uma bala sequer, tomou o Forte Orange do domínio português e, dando viva a religião e a pátria, ajudou a deflagrar a independência do Brasil, ou, pelo menos, a de Pernambuco.
Poderia falar sobre isso e sobre diversos fatos históricos de relevância local, regional ou nacional em que a Ilha de Itamaracá se coloca em papel de destaque, mas preferirei lançar meu olhar para o futuro...
Hoje estamos todos aqui reunidos para não só fazer história em nossa cidade, mas para fundarmos uma instituição que se propõe a defendê-la. Mas, defende-la? Defendê-la de quê? Defendê-la do esquecimento e da indiferença. Não há nada pior do que a indiferença para solapar os alicerces da nossa memória. Como podemos construir o nosso futuro se não conhecemos o nosso passado? Já dizia José Pereira Alves:
“Um povo sem história é um povo anônimo, é como um indivíduo que perdeu as lembranças da vida: um despersonalizado...”
Conhecer a nossa história não é só importante para prestarmos concurso público ou fazermos uma prova do vestibular... Conhecer a nossa história é fundamental para aprendermos com nossos erros e não defendermos a hoje o racismo ou a intolerância religiosa.
Conhecer a nossa história é fundamental também para nos inspirarmos com nossos atos de bravura e lutarmos por um país melhor, com mais justiça social... e para entendermos como e o porquê chegamos até aqui. É essa reflexão que torna a nossa história viva... É assim que ressignificamos o nosso presente e continuamos a fazer história, porquê a história se constrói no presente. E é isso o que nós estamos fazendo aqui. Daqui há 50 anos, nossos descendentes estarão conversando sobre quem fomos, o que fizemos e o que deixamos de bom ou de ruim para a humanidade. Quando ouvimos isso entendemos o peso dos nossos atos e a responsabilidade que temos com as gerações futuras. Qual é a Ilha de Itamaracá que queremos deixar para os nossos filhos e netos?
O saudoso Baden Pawell, fundador do movimento escoteiro, ao final de sua vida falou: “Deixe o mundo um pouco melhor do que o encontrou” Essa talvez seja a frase mais curta e sublime que reflete o maior propósito de minha vida. Estar aqui, nesta tarde contribuindo para a fundação do Instituto Histórico e Geográfico da Ilha de Itamaracá é a mais nítida expressão desse propósito.
Não quero, com isso, trazer para mim, nem muito menos personificar em mim, a figura desta instituição ao qual criamos hoje. O Instituto Histórico não é uma entidade que tem um “dono” nem está sendo fundada para ser um instrumento cativo nas mãos de alguns. O Instituto Histórico está sendo fundado como patrimônio do povo da Ilha de Itamaracá. Estamos hoje aqui assumindo, apenas, a responsabilidade de conduzirmos a instituição por dado período de tempo e de trabalharmos, na medida de nossas possibilidades, para plantarmos uma semente no solo itamaracaense. Estarmos à frente hoje é uma condição temporária da missão que nos foi delegada. Nós passaremos, mas o Instituto Histórico permanecerá e continuará sua luta pela proteção, promoção, salvaguarda e difusão da história, da cultura e dos patrimônios culturais do município.
Reconhecemos que essa luta não é pequena nem terá um fim estabelecido no tempo, mas com a seriedade e o compromisso de todos, nós certamente conseguiremos assentar os tijolinhos dessa longa e importante estrada. Ao nosso povo nós pedimos, nos ajude nesta caminhada...
Aos representantes dos órgãos públicos afirmamos, somos parceiros nesta causa... O Instituto não é uma entidade governamental, mas se propõe a contribuir com o poder público. O Instituto é uma organização da sociedade civil, formada pelas mais diversas representações do nosso povo... com diferentes credos, raças e posições ideológicas, mas todos iguais no propósito de construir um Instituto Histórico forte e atuante na Ilha de Itamaracá.
Hoje, quarta-feira, 06 de Outubro de 2021, dia em que celebramos o aniversario dos 487 anos da elevação do povoado de Nossa Senhora da Conceição de Itamaracá à categoria de Vila, é um dia para nos voltarmos para a nossa história e para o legado que nossos ancestrais construíram para nós... a fim de que nós possamos defendê-lo e aprimorá-lo naquilo que, pela incompreensão da época, marcaram negativamente a nossa história. Este é o sentido maior que nos motiva a embarcar nesta luta.
Gostaria novamente de agradecer a cada um de vocês aqui presentes ao mesmo tempo em que conclamo a todos a adentrarem conosco nesta viagem... navegando nas águas de nossa história... para juntos atracarmos no porto mais seguro de nossa existência e ao final percebermos que o nosso legado contribuiu de alguma forma para deixar um mundo melhor para os nossos filhos e netos. Vida Longa ao Instituto Histórico e Geográfico da Ilha de Itamaracá... A todos o meu muito obrigado!
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